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segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Quero é viver...

Vou viver
até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver

Amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será
mais um prazer

e a vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com a idade
interessa-me o que está para vir
a vida em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir

encontrar, renovar, vou fugir ou repetir

vou viver,
até quando, eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver
amanhã, espero sempre um amanhã
eacredito que será mais um prazer

a vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com idade
interessa-me o que está para vir
a vida, em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir

encontrar, renovar vou fugir ou repetir

vou viver
até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver,
amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será mais um prazer

- Humanos

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Ouriço...


Marginal - Sines

Memória...

Olho para as paredes, para as casas, para as ruas. Não as reconheço, não reconheço nada nelas. Não tenho memória deste lugar, de um lugar assim. Ali, naquela casa, o que foi que aconteceu? E, nesta rua? Não pertenço aqui. Estou a ocupar um espaço que não é meu. Porquê? E a quem tirei eu o lugar? Quem deveria estar aqui? Será que pertenceria a estas paredes, a estas casas, a estas ruas? Talvez, esse alguém seja eu. Esta parede, a rua, aquela casa além... são-me familiares...

sábado, 14 de janeiro de 2006

Estou a ganhar tempo...

Dizem-me que pensar em ti é uma perda de tempo. Mas, porquê? Porque é que dizem isso? Não percebo. Não consigo entender. Não concordo.

Eu, quando penso em ti, não perco tempo. Pelo contrário, estou a ganhar tempo. Não percebes? Não consegues entender? Quando penso em ti, imagino como seria se estivéssemos juntos.

Estás a ver? Quando penso em ti estou a ganhar tempo. Quando penso em ti não perco tempo, estou é a ganhar tempo (e coragem), para te dizer que te quero, só para mim, todo o dia, para sempre.

Estou a ganhar tempo, e não a perder!

terça-feira, 3 de janeiro de 2006

Receita de Ano Novo

“Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de Janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.”

Carlos Drummond de Andrade